A partir de 10 de dezembro, a Casa Hurbana, no Centro de Florianópolis, convida o público a atravessar uma fronteira invisível: a que separa o mundo concreto do território dos sonhos. Em Paisagens Oníricas, a nova exposição de Ilca Barcellos transforma as janelas do espaço em portais luminosos, preenchidos por centenas de esculturas em cerâmica que parecem respirar com a luz e revelar dimensões que existem apenas quando alguém se permite imaginar.

Composta por mais de 800 esculturas em cerâmica, criadas pela técnica do acordelado, a instalação ocupa os vãos das janelas da Casa Hurbana, suspensa em diferentes alturas e densidades. O conjunto forma volumes orgânicos que se alteram à luz, à sombra e à aproximação do público, criando uma experiência viva e em constante metamorfose.

Inspirada pelos pensamentos de Gaston Bachelard, a artista abandona a noção tradicional de paisagem como moldura e aposta no que o filósofo chama de “matéria fervilhante”, em permanente transformação. Suas formas remetem a seres híbridos: pássaros, animais e vegetais, sugerindo a ideia de que tudo está conectado na grande trama da vida.

Bióloga de formação, Ilca combina investigação científica e imaginação poética, conduzindo o visitante a um território que desloca o olhar exterior para uma paisagem interior, onde memórias, sensações e sonhos se entrelaçam. Em Paisagens Oníricas, ela ressignifica o conceito clássico de veduta, aproximando-o de uma geografia emocional, uma paisagem que se move, respira e se reinventa.

“A Ilca transformou as quatro janelas da Casa Hurbana em um universo surreal de quase 800 peças de cerâmica. Criou uma paisagem entre mar e criaturas híbridas que desloca o olhar e altera a percepção do visitante. Desde a entrada, a instalação conduz o público a esse mergulho poético que toma toda a sala principal”, destaca Marc Pottier, curador da exposição. 

Exposição Visões do Brasil é prorrogada

Paralelamente à abertura de Paisagens Oníricas, a Casa Hurbana anuncia a prorrogação da mostra Visões do Brasil, que permanecerá aberta ao público até meados de janeiro de 2026. A exposição reúne trabalhos de artistas brasileiros que investigam diferentes interpretações do território nacional, conectando memória, identidade e narrativa visual. Além da prorrogação, a mostra Visões do Brasil ganha mais duas obras: Paisagem do Rio de Janeiro, de Batista da Costa; e uma pintura de Roberto Burle Marx, sem título, de 1971. 

Autor(a): Rosiley Souza