Não apenas saber sobre o assunto, mas discutir sobre ele. Todos os anos, o mês de outubro destaca uma pauta extremamente especial: a importância do autocuidado na prevenção do câncer de mama, uma das principais preocupações de saúde feminina. Compartilhar dados, experiências e facilitar o acesso à informação pode fazer a diferença na hora do tratamento.
Dados recentes estimam que 73 mil novos casos sejam registrados no Brasil entre 2023 e 2025. Em Santa Catarina, o câncer de mama, o mais comum entre as mulheres, está na casa de aproximadamente 4 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). A campanha Outubro Rosa visa não apenas aumentar a conscientização sobre esses números alarmantes, mas também destacar a importância do diagnóstico precoce e de hábitos saudáveis, já que as chances de cura chegam a 98% quando o tumor é encontrado em estágio inicial e com até dois centímetros de tamanho.
De acordo com a médica mastologista Rebeca Neves Heinzen, professora no curso de Medicina da UFSC e 1ª secretária da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Santa Catarina, a prevenção começa no dia a dia, com a adoção de hábitos saudáveis. “A atividade física aeróbica regular de moderada intensidade pode diminuir em aproximadamente 30% a incidência do câncer de mama. Além disso, é importante que a mulher mantenha sua massa corporal adequada, pois o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Incluir as mamografias nos exames de rotina, a partir dos 40 anos, também é essencial para a prevenção”, destaca.
A rotina de exames certamente é um dos hábitos mais importantes para as mulheres, pois quando detectado um tumor de até dois centímetros restrito à mama, as chances de cura chegam a 98%, permitindo evitar tratamentos mais agressivos. Foi graças à repetição de um check-up médico que a publicitária Eliane Spielmann, 50 anos, descobriu o diagnóstico de câncer de mama ainda em fase inicial. Acostumada a uma rotina saudável, com uma frequência diária de exercícios físicos, a moradora de Florianópolis notou que não estava mais ganhando massa muscular e procurou seu médico ginecologista para consultar sobre a possibilidade de fazer reposição hormonal. “Fazia oito meses que eu tinha feito todos os exames preventivos, mas, por protocolo, ele solicitou que refizesse todos eles. E foi aí que descobrimos o carcinoma no seio”, conta. O tratamento começou no final do ano passado e Eliane já encarou as diversas reações causadas por sessões de quimioterapia e radioterapia, mas não se deixaabalar. “Eu tenho câncer, mas o câncer não me tem. Tenho que viver, não sobreviver”, diz a publicitária, que segue com as atividades físicas no seu dia a dia e brindando todos os momentos importantes junto da família e amigos.
Tratamentos sistêmicos
Apesar de ter se percebido um aumento de casos em mulheres jovens, influenciado por fatores como o adiamento da maternidade e a falta de amamentação, a mortalidade por câncer de mama tem se estabilizado nos últimos anos. “Isso porque os avanços no diagnóstico precoce e tratamentos sistêmicos mais personalizados como quimioterapia, imunoterapia, terapia alvo e hormonioterapia, têm contribuído para melhores taxas de cura e menos efeitos colaterais, o que nos permite trazer cada vez mais boas notícias”, explica a médica Rebeca.
Dicas da especialista
Com amplo histórico acadêmico dedicado ao tema, a mastologista Rebeca Neves Heinzen dá algumas dicas que auxiliam na prevenção da doença, bem como sinais que merecem atenção. As dicas também valem para os homens. Apesar de raro, 1% de todos os tumores de mama são registrados no sexo masculino. Confira:
Hábitos que ajudam na prevenção
- Praticar de 2h30 a 3h de atividade física por semana;
- Dar preferência a alimentos orgânicos;
- Evitar o consumo de açúcar e álcool em excesso;
- Observar regularmente as mamas e, ao notar qualquer alteração, procurar um especialista;
- Realizar mamografias regularmente a partir dos 40 anos.
Atenção aos sinais de alerta!
- Massa ou nódulo palpável na mama;
- Secreção no mamilo;
- Hiperemia (aumento da circulação sanguínea) na mama;
- Retração de pele da mama;
- Gânglio na região das axilas.
Autor(a): Rosiley Souza
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