E protesto para não ser contido
Tímido, falso, sem dentes ou graça
Tanto faz, que ninguém me saiba
Sou só
Porque mesmo escondido, existo
Mesmo abafado, vazo
O cumprimento, no cancelar do abraço
Só risos
No reencontro de velhos amigos
Porque o ridículo e a minha arcada
Foram feitos para dar risada
Sorrio
E não deixo de existir!
Mesmo que o sal dos olhos
Insista em temperar a minha cara
Sou riso
Porque transcendo as máscaras
Embriago a íris de vida
Dilato, desnudo a pupila
So-U-(r)riso
E escorrego pelas rugas do rosto
Me ergo das covas da face
Intoxico os poros de nanopartículas hilárias
Soul riso
Porque quinhão de mim retorna
E dorme num buraco fundo, ninado
Pelo colo gaiato da alma
Sorrisos
Porque uma parcela se alastra
E ilude outro transeunte do mundo
Com promessas feitas de bom humor
Fotografia: R N
Autor(a): Alice Maria de Medeiros
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