Benção para todos! Adaptar-se para proporcionar uma experiência com o divino para todos foi o desafio que a benzedeira Camila Gomes encarou nas últimas semanas. Para encerrar a temporada do espetáculo Roda de Benção, no teatro, Camila decidiu ampliar a oferta de seu trabalho com o bem dizer. Na próxima terça-feira (01/10), a benzedeira fará a última apresentação com cenário e figurino no Teatro da Ubro, às 19h, com entrada gratuita.
O espetáculo sugere uma experiência de conexão ao incentivar o público a propagar o amor no seu servir, no seu Bendizer, na sua vida diária. Além disso, as pessoas ainda podem conhecer mais sobre a cultura de Florianópolis, marcada pela tradição das benzedeiras.
As apresentações desta temporada iniciaram em maio e seguiram por quatro meses, sempre com casa cheia e novidades marcantes durante sua trajetória. Se para o primeiro espetáculo foi preciso garantir uma bilheteria, para o segundo a produção pôde garantir ingressos gratuitos para toda a população.
Depois, Camila intuiu uma nova música e contou com a surpresa de ter a parceria do músico Luiz Meira na gravação da canção e no palco, inclusive cantando uma de suas músicas para um público super animado. Depois, a peça deu mais espaço para a acessibilidade, ao conseguir contratar o tradutor de Libras Wesley Malta. Em meio a tantas conquistas, a benzedeira ainda foi escolhida para representar as benzedeiras de Santa Catarina em um documentário que está registrando essa tradição em diferentes estados do Brasil.
“Fico muito feliz e agradecida por essa caminhada e tantas conexões que aconteceram durante os meses em que a Roda de Benção esteve em cartaz, em um palco, um espaço respeitável, em que a liberdade e a arte do encontro são sagrados”, reflete a Benzedeira. Ela conta, ainda, que para o último espetáculo desta temporada no palco, a peça volta a contar com a tradução em Libras feita por Wesley Malta.
Para realizar o espetáculo Roda de Benção com tradução em Libras, a Benzedeira também precisou entender como trazer a sinestesia da benção para uma pessoa com deficiência auditiva. “Em geral, nos voltamos para nossa intimidade para conseguir sentir a benção, mas as pessoas com deficiência auditiva precisam ficar atentas às instruções do tradutor de Libras. Então temos o desafio de trazer para o sinestésico uma imagem que está na palavra, não no som”, observa Camila. “E essa tem sido uma experiência inovadora e muito interessante”, conclui.
Roda de Benção
O monólogo Roda de Benção traz o saber ancestral para o contemporâneo de forma artística. Durante cerca de 60 minutos, o público conhece cantos, rezas, pode se conectar e entrar em contato com muita cura. Segundo Camila, essa é uma experiência a ser vivida em um ritual intuído e canalizado do ato de Benzer, desde o acolhimento, passando pela Benção, pela limpeza energética e pelo firmar da benção. “Meu convite é para que todos conheçam como acontece a Benção dentro de nós”, ressalta.
A direção artística do Roda de Benção é de Vanessa Garcia e toda a proposta cênica foi pensada para encantar, mas também para ir além da benção invisível com cenário, música e cenas que apresentam o ofício de benzer numa perspectiva mais artística.
As bençãos coletivas continuarão a ser realizadas em diferentes espaços da cidade, até dezembro. Porém, não mais no palco com cenário e figurino. Será em um formato bastante parecido com o que foi realizado no Palácio Cruz e Sousa ainda em setembro. Na ocasião, cada pessoa do público recebeu uma benção individual, um momento de conexão e cura, exatamente como é o objetivo de Camila.
Para acompanhar toda a programação do “Roda de Benção”, é possível acessar o perfil de Camila nas redes sociais o @camilabenzedeira. A proposta foi selecionada pelo Edital Lei Paulo Gustavo LPG SC 2023 – executado com recursos do Governo Federal e Lei Paulo Gustavo de Emergência Cultural, por meio da Fundação Catarinense da Cultura; o produto cultural é patrocinado pelo Faial Prime Suítes por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura município de Florianópolis, pela Prefeitura Municipal de Florianópolis, Secretaria de Turismo de Santa Catarina e pela Fundação Franklin Cascaes.
Autor(a): Rosiley Souza
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